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A mostrar mensagens de setembro, 2015

29 - UM PÉSSIMO DIA DE PESCA

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O dia acordou cansado debaixo de uma densa neblina. Os soldados estavam exaustos, mal dormidos, tinham fome, o frio era insuportável e o ar quase irrespirável. Eram todos jovens demais, e juntos murmuravam por um auxílio que tardava em chegar. Pouco passava das quatro da manhã quando tudo começou. Os bombardeamentos maciços atingiram em cheio os postos de comando dos batalhões, das brigadas e depois a sede do Corpo Expedicionário Português e o Quartel General. O ataque apanhou-os quase de surpresa e não tardou muito até que as comunicações ficassem todas cortadas. Eduardo Damião gritava, como quase todos, gesticulava e mantinha-se esperançoso que aquele ataque fosse apenas mais um raide. Desde o início do mês de março os alemães tinham começado a lançar ataques com maior frequência com o sério propósito de os desmotivar, mas este fogo era bem mais intenso e constante. Damião cedo compreendeu que aquela não seria uma investida igual às outras. Com as transmissões comprometida

28 - AQUI, NESTE QUARTO, TUDO É POSSÍVEL

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Eduardo Damião cedo descobriu a dimensão absurda da loucura, e isso aconteceu ainda antes de ter chegado às trincheiras. A frente de batalha era implacável. Os soldados tentavam proteger-se daquela insensatez conforme podiam. Tudo o que lhes chegava através dos sentidos, o cérebro procurava filtrar e depurar em vãs tentativas para modificar a realidade. Aquela espécie de purificação acabava destruída pelas poderosíssimas e implacáveis forças da existência. Os soldados já tinham sido todos transformados após terem sobrevivido o primeiro dia àquele inferno! A brigada tentava chegar até junto dos seus camaradas britânicos. Todos se moviam conforme podiam ao longo dos mais de doze quilómetros de trincheiras escavadas perto de Aire-Sur-La-Lys. - Devagar! Não se deixem matar por distração! O primeiro gesto em falso pode muito bem ser o vosso último. Rastejem, mantenham o corpo junto ao chão e a cabeça protegida para evitarem as balas do inimigo. A casa falou com Ana Carlota d