13 - CHUVA DE PEDRAS
Ana Carlota correu por mais uma hora, sem mostrar cansaço,
com os olhos bem abertos a olhar em frente para a imensidão de luz branca que era tudo
o que ali existia. Gostava de correr, e gostou de tudo o que sentiu quando se tocou
e se redescobriu. As sensações regressaram ao corpo que era seu, que nunca deixou
de lhe pertencer, e as lágrimas correram-lhe pelas faces, e ela ficou feliz porque
recordou, e parou de correr.
Saltou para o ar, em frente, numa espécie de salto de
anjo, e foram muitas as pedras que lhe passaram por cima a grande velocidade, pedras
grandes e pequenas. De onde vieram e quem as atirara, não o sabia.
O corpo de Ana Carlota ficou moldado no chão branco do
lugar, depois de nele ter caído desamparada. Levantou-se e conseguiu ver o seu físico
desenhado com uma perfeição e um detalhe notáveis. Sentiu-se acompanhada, já não
estava tão sozinha, e sorriu. Estava feliz e não deu conta que as pedras continuavam
a ser arremessadas na sua direção.
Um seixo enorme atingiu-a com violência, e Carlota desfaleceu.
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